Ideia é que
“teoricamente todos deverão ter a chance de guardar suas bagagens de mão a
bordo em aviões com 120 assentos ou mais”
(SÃO PAULO) Quando os passageiros das empresas aéreas precisam pagar para
despachar uma mala, é possível ouvir os compartimentos superiores dos aviões rangerem com as
bagagens de mão grandes e lotadas.
Para aliviar essa carga, que atrasa o embarque, a partir de agora a associação
internacional das empresas aéreas incentivará os viajantes a comprarem uma nova mala de tamanho
menor. No encerramento da sua reunião geral anual, em Miami, a Associação Internacional
de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês) lançou uma iniciativa para padronizar o
tamanho das bagagens de mão e facilitar o processo de embarque.
O padrão seria 55 x 35 x 20 centímetros ou menos, de forma que “teoricamente
todos deverão ter a chance de guardar suas bagagens de mão a bordo em aviões com 120 assentos ou
mais”, disse o grupo, na terça-feira, no encerramento da reunião. As malas que tiverem esse
tamanho virão com um pequeno logotipo: IATA Cabin OK.
Mais de uma dezena de empresas aéreas, incluindo Emirates, Lufthansa e Qatar
Airways, aderiram à recomendação, disse o vice presidente sênior da Iata, Tom Windmuller, em um
vídeo que explica a iniciativa. Outras 30 a 40 empresas aéreas demonstraram interesse. “Este é um
programa desenvolvido para tornar as coisas mais fáceis para todos, principalmente para
o passageiro”, disse ele.
Mas não espere que alguma grande empresa aérea dos EUA participe tão cedo.
Melanie Hinton, porta voz da associação das empresas aéreas dos EUA, a Airlines for America, não
demorou em pontuar, por e-mail, que a iniciativa “NÃO é uma exigência para o setor”. Ela disse que
as dimensões das bagagens citadas pela Iata “NÃO são um padrão para o setor, já que transformar
essas dimensões em padrão do setor seria uma medida anticompetitiva”.
Além disso, as empresas aéreas dos EUA estão investindo bilhões de dólares
atualmente para reformular os interiores das aeronaves com assentos mais estreitos e bagageiros
superiores maiores, em um momento em que estão deixando de lado dezenas de jatos regionais de 50 lugares
que oferecem um menor espaço interno para bagagens. Elas estão muito mais dispostas
a discutir as melhorias de suas cabines do que a começar a fazer campanha pela adoção de
compartimentos superiores de bagagem um pouco menores.
A tarifa cobrada para despachar malas começou a ser aplicada no segundo
semestre de 2008, quando a American Airlines abriu esse caminho, antes impensável no setor, de cobrar dos
clientes o uso do compartimento de carga do avião. O petróleo havia subido para mais de US$ 125 o
barril e as empresas aéreas, surpreendidas, já lidavam à época com a instabilidade
econômica. Sete anos depois, os contratos futuros do petróleo Brent estão sendo negociados a cerca de US$ 65
o barril e as empresas aéreas dos EUA se consolidaram em quatro gigantes que transportam mais
de 80 por cento do tráfego doméstico.
Mas a tarifa para
despacho de bagagens continua sendo praticada depois que se transformou em uma pilar anual do setor, responsável por US$ 3,5 bilhões em lucros para as
empresas aéreas. A aplicação da cobrança também pode tornar o embarque mais lento e levar a incontáveis
enfrentamentos nervosos entre agentes de gates e passageiros.
“Eu vou tirar o emprego dela”, esbravejou um passageiro irritado que se sentou
perto de mim em um voo da Delta, em março, após uma longa discussão com uma agente de embarque no
aeroporto de Miami.
Reportagem de Justin Bachman
Fonte: InfoMoney
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